Foto: Reprodução



Na noite de quinta-feira (17), um ato trágico abalou a comunidade de Simões Filho, na região metropolitana de Salvador, Bahia. Maria Bernadete Pacífico, reverenciada como Mãe Bernadete, líder espiritual e quilombola do Quilombo Pitanga dos Palmares, foi brutalmente assassinada no terreiro que ela dirigia. A suspeita inicial aponta para uma ligação entre o crime e as tentativas de invasão e apropriação de terras na região.

Homens armados invadiram o terreiro, fazendo reféns familiares da vítima antes de cometerem o assassinato. Esse ato trágico ocorre quase seis anos após a morte do filho de Mãe Bernadete, Flávio Gabriel Pacífico dos Santos, também conhecido como Binho do Quilombo. Denildo Rodrigues, da Coordenação Nacional de Articulação das Comunidades Negras Rurais Quilombolas (Conaq), ressalta uma possível conexão entre os dois casos, evidenciando que a líder quilombola não cessou sua busca por justiça para o filho.

LEIA MAIS: Adolescente põe cabeça para fora de ônibus, bate em poste e morre

As comunidades quilombolas e terreiros de Simões Filho frequentemente enfrentam ameaças de grupos associados à especulação imobiliária, que buscam ocupar seus territórios. O censo quilombola recente do Instituto Brasileiro de Geografia Estatística (IBGE) identificou Salvador, a menos de 30 km de Simões Filho, como a capital com a maior população quilombola do Brasil, contando com quase 16 mil quilombolas e cinco quilombos oficialmente reconhecidos.

A Conaq exige ações imediatas do Estado para proteger as lideranças do Quilombo de Pitanga de Palmares, destacando que a perda de Mãe Bernadete é um golpe para a comunidade e para a defesa dos direitos humanos. A organização ressalta a importância de uma investigação rápida e eficiente, buscando responsabilizar os autores desses atos de violência que têm vitimado líderes quilombolas.


O governador Jerônimo Rodrigues expressou indignação com o crime e ordenou a mobilização da Polícia Civil e da Polícia Militar para o local. O assassinato de Mãe Bernadete se torna um triste lembrete dos desafios enfrentados pelas comunidades quilombolas na luta por justiça, território e direitos fundamentais. Sua memória e legado de liderança devem continuar a inspirar a busca por igualdade e equidade para todos.